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Nome: Sinhá Menina Idade: ainda um coyote Nasc.: era das Heras Signo: leão E-mail: A_Sinhazinha @hotmail.com Messenger: o mesmo Sugiro: Comprar urgentemente o novo álbum de Bethânia,«Que Falta Que Você Me Faz», porque lá dentro tem esta pérola perfeita: Podem me chamar E me pedir e me rogar E podem mesmo falar mal Ficar de mal que não faz mal Podem preparar Milhões de festas ao luar Que eu não vou ir Melhor nem pedir Eu não vou ir, não quero ir E também podem me obrigar Até sorrir, até chorar e podem mesmo imaginar O que melhor lhes parecer Podem espalhar Que eu estou cansado de viver E que é uma pena Para quem me conheceu Eu sou mais você E ... eu [Vinícius de Moraes] Não Recomendo: O consumo de produtos transgénicos Coisas da Terra:
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quinta-feira, setembro 30, 2004
Sinhá Menina|3:27 da tarde|1 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|11:07 da tarde|0 Enviar um comentário
Mágica é a vida, para nós que nos perdemos no entretém das criações sem preço nem comprador. Dias de liberdade sorrindo intocáveis: a salvo do vil metal. A «Casa das Musas» podia servir para ser só assim, sim. Achas verdadeiramente que as combinações são arbitrários jogos casuais? Pois eu digo-te que não, que cada vez acredito menos que sejam. E tu não respondes. Voltas com mais uma caneca do teu chá verde, sentas-te aos meus pés e afias o meu lápis rombo, como quem me quer aguçar a escrita. Reclamas de todos os caprichos em desuso com que me vou opondo à modernidade e eu falo-te das madeiras e dos seringais que passeei do outro lado das águas. Abro a janela porque a luz nunca me é de mais. Fechas a janela porque às vezes também há excessos que te incomodam. Reclamas das aparas que te espalho no tapete mas vens comigo da mesa ao chão. Arrumamos o desalinho mais logo!... Mais para o fim do dia. Ou talvez depois de amanhã. Logo se vê. Gosto do colorido caótico de tudo o que se espalha aqui à mercê das fúrias das nossas invenções sem patrono. E tu ris. Pintas mais um ângulo ao joelho e retocas aquela curva preferida na barriga da perna. Ris e eu torno a mexer-me porque me lembro que sabe bem escrever de cabeça para baixo. E tu voltas a reclamar. E depois voltas a rir. Tomas conta de mim, até chegar a hora de me entregar sã e salva à Senhora das Florestas que virá por mim. Eu sei. Tu também. Guardas-me apenas, e tranquila me proteges em seu nome: para me devolveres intacta. Porque sabes o que eu desconheço: que só a ti é seguro confiar-me. Enquanto ela não vem. Durante o tempo que lhe é preciso até me vir buscar. Como é para ser. Como está escrito que será. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|4:18 da tarde|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|8:26 da manhã|0 Enviar um comentário
A ESPECIALISTA No intervalo dos corpos que apareciam com pressa de foder, a preta Josefina lia romances de amor devagarinho. Josefina, a preta retinta com pele de tambor, que «alternava os seus deveres de dama da companhia com os de crítico literário*».
(*«O Velho Que Lia Romances de Amor» de Luis Sepúlveda) Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|9:55 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|9:53 da manhã|0 Enviar um comentário
(…)
Fumaram e beberam enquanto viam passar a eternidade verde do rio. (…) As badaladas do Sucre anunciando a partida obrigaram-nos a despedir-se.
«O Velho Que Lia Romances de Amor» de Luís Sepúlveda Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|9:51 da manhã|0 Enviar um comentário
Toda a dança é um rito irreversível. Depois há tão só algumas danças mais indomadas que outras. Aquelas em que nenhuma pulsão é inofensiva e onde nenhum movimento é inconsequente. Essas são as que, galgando se rompem do coração do umbigo, para vir roer ao âmago e ferir os instintos. Essas são, em geral, as que ainda vivem acostadas à herança de algumas raças: próximas... fundas... implacáveis... como um legado sanguíneo corrido ao cano da veia, falando a nossa língua. A mesma língua. Uma só. Essa mesma em que me danças-me o ponto de fuga, enquanto deixas que o teu corpo me vá sussurrando a golpes tudo o que já não posso evitar ouvir-lhe. «Hoy, tengo ganas de ti!» Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|11:55 da manhã|0 Enviar um comentário
Travo de costas, ainda antes de me voltar, esse movimento desencadeado ao largo. Como se bastassem duas mãos hirtas e cruzadas para conter os avanços começados à penumbra.
Distribuis ao espaço o braço firme, cotovelo milimetricamente medido ao exacto ângulo em que fica suspenso e descrito o gesto negro do abraço que desenhas. Ponto por ponto. Passo por passo. Até sair da sombra. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|11:53 da manhã|0 Enviar um comentário
I ACTO Há um esplendor na relva que vem erguer o queixo ao alto: na direcção dos vultos que reluzem quase imóveis na penumbra. Há um trago mais lúcido, mais mestre, mais sábio, que bebe ânsias sem pressa no fundo de sala onde todas as noites gosta de vir sentar-se. Imóvel. Ciente. Fatal. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|11:51 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|6:01 da manhã|0 Enviar um comentário
Há um fatal beijo predestinado com que o clã chama à tribo cada égua que lhe pertence. Corre matos e clareiras. Busca rente às línguas de água. Observa-lhe o meneio ao longe, aprende-lhe o estrebuchar, corta-lhe as voltas e barra-lhe os caminhos ao recuo, caso se assuste levemente, caso o instinto lhe estremeça a fuga. Depois aproxima-se de frente. Aquieta-lhe o pulsar da veia com uma mão no flanco. Afasta-lhe as crinas com firmeza, procura-lhe a marca na testa. Derrama-lhe o seu hipnótico fixar ao centro da íris. Confirma-lhe a raça. Prova-lhe a laia. Atesta-lhe a casta de sangue a correr as jugulares. E a cada sinal de montada que entretanto se lhe vai já escapando, murmura-lhe assobios baixinho, amansa-lhe a rebelia com o ancestral canto dos pássaros das copas fundas, entoa-lhe o suave silvo da Grande Serpente Mãe das Águas. Tacteia-lhe devagar os nós onde se imobiliza e deixa quieta, longe do susto, afastada do temor provocado por esse pousar de mão desconhecida. Deixa que se reconheça debaixo de iguais dedos de bicho gémeo. Alivia suavemente a pressão da presença. Deixa que beba da margem. Deixa que se canse no resfolegar da rédea solta com que lhe atravessa o lombo de lés-a-lés. E depois empina-a ao vento que vem do começo das Eras, guardado num qualquer reduto à flor da pele, e cavalga-a de volta, reconduzindo-a ao lugar onde a Grande Nação Primeira ergueu a morada da Tribo Ancestral. Dócil. Mansa. Pronta. Destemida. Nascida selvagem. Égua do mesmo clã. Filha do fatal beijo predestinado às éguas da raça cavaleira. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|10:21 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|4:32 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|3:07 da tarde|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|10:33 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|10:54 da tarde|0 Enviar um comentário
Talvez, sim... Mas sabes porquê? Porque as raízes fazem sempre o caminho das águas. É difícil pedir-lhes esse evitamento! Nem tudo cresce a direito. Contrarear o serpenteio, isso sim: é contra-natura. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|9:31 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|5:56 da manhã|0 Enviar um comentário
Há uma vontade de azul, uma vontade de água, uma vontade de deriva sem rasto. Há uma vontade de ser pequena dentro de uma imensidão maior. Sem armadas, nem canhões. Sem espadas presas nos dentes, nem defesas armazenadas nos porões. Há uma vontade de oceâno sem abrigo, de vela sem porto. E saio de casa sabendo apenas que faço o caminho da praia. Porque preciso de ser eu e o mar e matar talvez esta saudade à frente. Afogar um pouco o vôo. Chegar à areia antes de todas as testemunhas. Despir o vestido e usar as tuas roupas corsárias. Ouvir-te rir esse teu riso capaz de estremecer o mundo. E sair pilhando tudo e todos os que nos cruzarem o leme. Ser princesa maldita, desaprendida de todos os berços de ouro onde me embalaram a fala. Descer contigo ao lôdo do cais, cuspir caroços nas sarjetas e trincar damascos que ninguém lavou. Mesmo que tu velejes hemisférios perdidos da rota. Mesmo que não saias comigo pela manhã, na direcção da praia azul para onde rumo agora o longo curso. E eu sei que haverias de sentir orgulho da cria descalça que ensinaste a sujar-se de vida! Eu sei. Eu sei que entenderias toda a falta que hoje me vive presa entre quatro paredes, enquanto eu corro esta vontade de água em direcção a um azul que não é possível partilhar. Pelo menos agora. Pelo menos por agora.
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Sinhá Menina|1:01 da tarde|0 Enviar um comentário
escuta-se na voz de Marisa Monte aqui ... E de repente, são todas as árvores da Floresta a crescer por entre o encerado do soalho português! ... São todos os aromas das madeiras a brotar pelos veios das tábuas corridas e a fazer da casa de Lisboa um corredor «Verde Anil Amarelo Cor De Rosa E Carvão» que me reconduz sobre a cidade ao imbricado de cheiros que guardo de cor: o perfume da madeira das infindáveis espécies de árvores da Minha Amazónia.
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Sinhá Menina|4:10 da tarde|0 Enviar um comentário
Aceite-se então o acaso! Sentemo-nos pois lado a lado, enquanto cavaleiros e montadas se perfilam ao desfile. É Alta Escola Equestre, Príncipe Muçulmano! São restos de corte e realeza que sobraram nas duas pontas ermas da Europa: a Aústria, nós e os espanhóis!... Sentemo-nos quietos e paralelos. Não quero hoje também reagir aos véus e haréns das vossas mulheres. Não quero, depois deste par de anos, voltar a discutir consigo, por muito que goste de o ouvir cantar amores de sultão e poemas de deserto. É tão mais simples quando não se busca a conversão! Tão mais simples!... Tão mais simples quando o diálogo se desprende desse vício de domador... quando um povo pode ser só um povo e uma civilização só mais uma cultura!... É tão mais sádio quando o "outro" se dá à partilha como par do mesmo!... E digo-lhe, então: mudemos o assunto para onde nada nos degladie a vizinhança das cadeiras. Façamos assim: eu falo do puro sangue lusitano e você da raça árabe, mas sem nunca perder da mira que o assunto será equídeos e nada para além deles. (...) Pergunta-me se sei como foi que nasceu o Primeiro Cavalo. Ouvi dizer que foi depois do criador ter olhado para todas as criaturas que tinha feito até então. Ouvi dizer. Ainda me lembro. Contaram-me, há muito tempo atrás, que foi mais ou menos assim:
E depois num correctíssimo equilíbrio de formas, traçou uma linha a unir todas estas qualidades. Dessa harmonia saiu o contorno do cavalo.
(...)
Creio ter sido assim. Ainda me lembro. Ouvi dizer. Mas foi há muito tempo já. Então você sorri esse vago sorriso de argila, e com o brilho ao centro do olho, faz saltar cavalos das páginas do Corão e vem parir em surdina ao meu ouvido mais uma história para eu somar à criatura: «Quando Deus quis criar o Cavalo, falou aos Ventos do Sul: “ Quero criar de vós uma criatura para honra dos meus fiéis, humilhação dos meus inimigos e benefício de todos os que professam da minha Fé". Os Ventos do Sul falaram: "Tu és o Criador, fá-lo!". Então, Deus tomou uma mão cheia de Ventos do Sul e criou deles o Cavalo. Ao Cavalo disse-lhe: “O teu nome será Arabe! Que a bondade se agarre á tua frente e o botim ao teu costado. Fiz o teu dono e teu amigo. Dei-te as maiores virtudes de todos os Animais de carga e dei-te a força para voares sem asas, seja no ataque como na retirada. Quero sentar nas tuas costas os Homens que me louvam”.»
(...)
Foi, pois, com estas palavras que o profeta Mahomé fez o Cavalo e criou o puro sangue Árabe. «E é por isso que nós, os fieis do Islão, sentimos esta obrigação sagrada de montar os cavalos belos.»
... Sim, Príncipe dos Muçulmanos: na verdade não são muito diferentes, os filhos de Mahomé e as Amazonas. Talvez só um apreço por montadas de raças diferentes. Mas apenas isso. No mais, a linhagem do Deserto ou da Floresta é Puro Sangue entre pares: "outros" do "mesmo". Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|10:31 da tarde|0 Enviar um comentário
AS MARCAS Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|5:10 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|7:48 da tarde|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|7:37 da tarde|0 Enviar um comentário
Eu digo: «Cheia». Tu dizes: «Preenchido». E de novo me volta esta sensação atordoada pela ausência de vazios. É grave, pode ser muito grave...eu sei. Pode ter a gravidade das relações fortes. Porque há esquinas que se dobram para serem junção de inesperadas parelhas sem cansaços. Porque eu sei, sim, que existem misteriosas combinações alquímicas onde quanto mais se repetem as passadas, maior é a descoberta... onde quanto mais se vê, mais interminável é a surpresa e mais inesgotável a novidade. Na física chamam-lhe o Princípio do Infinito. É real e demonstrável à luz dos rigores científicos. Os poetas já o vinham cantando desde o começo das eras, mas nunca ninguém prestou grande atenção aos poetas, é um facto. Eu, como não sou nem cientista, nem poeta, limito-me ao conhecimento de experiência feito que é o dos amantes, e antecipo o vertiginoso abismo da multiplicação desmultiplicada e remultiplicada em dobro... Essa que acontece muito de quando em vez. Dobradas que são algumas esquinas. Na inesperada mas sempre feliz combinação de algumas alquimías. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|5:00 da manhã|0 Enviar um comentário
HORIZONTAIS Tu somas-te em quedas mais ao largo. Refletes-te numa cegueira à margem do espelho e teimas em te soerguer, como quem não é nem nunca mais será capaz de se levantar.
Tu deixas-te estar. Como quem saboreia o que quer que seja que te recolheu ao útero, numa devota doçura sem arrependimento.
Tu viras-te a direito pelos avessos. Catas fragmentos resgatados ao tempo e recrias um muro por entre fissuras e paredes, como quem volta ao verso e estende um caminho de pedra aos pés descalços dos coiotes que a vida te traz.
E eu, eu consinto o tombo ao sentir das camas que passam sob o meu peso. Abro um olho. Mantenho-o imóvel. Talvez quieto. Talvez pronto. Um olho estendido áquem de cobertas e almofadas. Como quem não é imune a nenhuma linha transversa às diagonais e se esquiça na exacta tangente dos traçados horizontais.
(...)
Não, nenhuma queda é mortal. Nenhum chão é igual. Nenhum corpo ocupa o mesmo espaço. Nenhum sono se repete. Mas acima de tudo: não, nenhuma queda é fatalmente mortal.
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Sinhá Menina|2:01 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|8:00 da tarde|0 Enviar um comentário
A CORDA Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|6:35 da manhã|0 Enviar um comentário
PLATEIA Fiquemos pois assim: olhando um palco ao fundo. Ainda que vejas o mesmo que eu, já não te pertence o lugar na cadeira ao meu lado. Hoje estás quatro filas mais a baixo de onde me sento. E não! Não nos encontraremos no fim, à saída. Mas essa é já uma promessa minha, sem direito a aposta, que as minhas certezas jamais serão um jogo à espera do teu aplauso. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|1:19 da manhã|0 Enviar um comentário
AO CENTRO DA MONTRA
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Sinhá Menina|11:40 da manhã|0 Enviar um comentário
Então guia os meus olhos, Grande Guerreiro, Faro de Lince, Olho das Águas!... Quero ser como tu: apontar o olho à mesma mira que tu. Não sou tua Sinhá!... Mas aceito: que seja eu, então, Sinházinha dos teus cuidares!... Guia-me,sim. Guia-me então. Vou nos trilhos dos teus passos de mato. Ergue-me a atenção ao alto. Mostra-me. Leva-me. Deixa-me ver o mesmo que tu. E á noitinha, depois de acenderes fogueiras para me espantar as feras, quando chamares baixinho os Espíritos Verdes da Floresta para me guardar dos perigos que estão além de ti, vem sentar-te mais perto: conta-me o que sabes da vida com dois ou três contos à mistura.
Dá-me uma lenda narrada na garganta do breu, Caçador das Feras! Não quero a tua onça, Grande Guerreiro das Matas. Só quero ouvir-lhe a história pela tua voz primeira e depois dormir. Dormir para outra vez ser Sinházinha dos teus cuidares e pedir que me guies... quando amanhecer. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|11:08 da manhã|0 Enviar um comentário
Ao sol nublado de Setembro, amanhece este grito estridente por onde me chega o clamor da selva...
... E volto eu a sentar-me entre as mulheres Marubo, no silêncio das tardes lânguidas... Passam-me sabão de abacate no corpo. Prendem-me penas vermelhas de arara brava nas madeixas e casquilhos de pupunha ao pescoço. E outra vez eu me deixo quieta... como uma boneca perdida para ser achada numa vereda de caminho mais ao fundo. Deixo-me a elas. Deixo-lhes tudo. Podem tudo! Deixo que componham aos pedaços um híbrido de mim mais ao centro do espelho.
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Sinhá Menina|10:20 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|7:06 da manhã|0 Enviar um comentário
Dás-me uma beira de cama contra a parede... uma beira de cama atrás da porta... do lado oposto ao correr do estore... ao cimo da escada... ao cimo da casa... na despedida da tarde. Dás-me uma beira de cama quando as palavras resvalam e os sentidos chegam à boca. E o mundo foge no limiar da rua. E eu não sei de ti senão onde estás. Agora. E não tenho para te dizer mais do que te faço. E não tenho para saber mais do que sinto. Ali. Onde tu também estás. Enquanto um abraço nos escorrega para uma beira de cama por fazer.
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Sinhá Menina|11:41 da tarde|0 Enviar um comentário
Olho e a imagem persegue-me: há dias. Abraço-te e a imagem ganha mais textura do que tinha, mais espessura do que havia, mais densidade do que era para ter: agora. Etiquetas: Amazona BLG
Sinhá Menina|7:49 da tarde|0 Enviar um comentário
Agora chove aqui também. Lê para mim, então!... Sim! Lê-me baixinho enquanto chove e eu fecho os olhos na saudade de janelas sem vidro, e eu fecho os olhos e imagino que o algeiroz do telhado é, na verdade, o grande tronco maciço da jaboticaba... e eu fecho os olhos e sinto de novo a cortina húmida com que, subitamente e sem grande aviso, a chuva acinzenta o céu... Deixa que suba para o teu colo, me embale na tua voz em conto e regresse à rede, aos pingos pingando do galho à folha, escorregando nas caleiras de terra depois das raízes, sulcando regos aguados no chão tórrido e tomando rumo para fora da cerca, num caudal insubmisso que já não se confina nem à casa nem ao quintal.
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Sinhá Menina|4:44 da manhã|0 Enviar um comentário
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Sinhá Menina|4:13 da tarde|0 Enviar um comentário
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