
VERDE CÂNTICO

Devia ter-te perguntado o nome daquele pássaro. Devia ter anotado tudo no caderninho preto onde escrevo a espaços, na desordem dos ímpetos, dos temperamentos e das vontades incertas. Devia ter rabiscado à pressa o som da tua resposta, mesmo sem ter certeza de a escrever correctamente... a palavra tal e qual como me aparecesse ao ouvido... como quase todas as que me ensinas ainda e eu continuo a escutar na ignorância extasiada de quem ouve pela primeira vez... Devia ter-te perguntado, sim!... De outra forma, como posso agora contar-te que me cantou à pele da manhã, entre o vago torpor dormente do acordar... como se tivesse tresmalhado o vôo e amanhecido num jardim de Lisboa, mesmo à beira da minha janela escancarada, tão longe e ainda assim tão perto da Floresta da minha saudade.
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