
A CORDA

...O que é que interessa?? Que interessa tudo o mais, se a noite é uma corda esticada que me iça para ti? Se a noite é essa ânsia que me faz correr na pressa de escalar a tua varanda e te trepar o colo? Se a noite é esse braço atravessado entre o último abraço e este em que agora me gritas e faltas, mesmo que não possas estar aqui? ...E , então, acelero o mundo em meu redor, desembaraço-me dele à pressa e acelero o carro, e acelero o peito e acelero a falta: quero o teu colo. E quero agora. E quero já. Mesmo que nada possas contra as leis da física. Mesmo que não me chegues sequer a tocar. Mas quero-te a ti. Talvez não to diga porque te quero bem. Todo o bem do mundo! Ou não me contenha e me esqueça que jurei proteger-te de mim e de todas as coisas que me cabem dentro. E sim, aperta mais esse laço com que me contornaste no outro fim de tarde. Aperta, sim. Vem cá que eu confesso!... Confesso, afinal, que me faltas. Confesso que quero a corda do teu braço a apertar-me mais, a esmagar-me ao centro do peito. Confesso que é só o teu colo, o lugar onde verdadeiramente me queria esta noite. E por ti eu corro. Por ti eu acelero. Agora. Numa pressa imensa de te chegar antes que apagues a luz e adormeças. E de dentro do teu abraço eu respondo-te que sim: que te chegarei pela manhã. Quando já for amanhã. Que te chegarei, sim. Pela manhã.
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