GATA DA MATA
Então guia os meus olhos, Grande Guerreiro, Faro de Lince, Olho das Águas!... Quero ser como tu: apontar o olho à mesma mira que tu. Não sou tua Sinhá!... Mas aceito: que seja eu, então, Sinházinha dos teus cuidares!... Guia-me,sim. Guia-me então. Vou nos trilhos dos teus passos de mato. Ergue-me a atenção ao alto. Mostra-me. Leva-me. Deixa-me ver o mesmo que tu. E á noitinha, depois de acenderes fogueiras para me espantar as feras, quando chamares baixinho os Espíritos Verdes da Floresta para me guardar dos perigos que estão além de ti, vem sentar-te mais perto: conta-me o que sabes da vida com dois ou três contos à mistura.
Dá-me uma lenda narrada na garganta do breu, Caçador das Feras! Não quero a tua onça, Grande Guerreiro das Matas. Só quero ouvir-lhe a história pela tua voz primeira e depois dormir. Dormir para outra vez ser Sinházinha dos teus cuidares e pedir que me guies... quando amanhecer.