Toda a dança é um rito irreversível. Depois há tão só algumas danças mais indomadas que outras. Aquelas em que nenhuma pulsão é inofensiva e onde nenhum movimento é inconsequente. Essas são as que, galgando se rompem do coração do umbigo, para vir roer ao âmago e ferir os instintos. Essas são, em geral, as que ainda vivem acostadas à herança de algumas raças: próximas... fundas... implacáveis... como um legado sanguíneo corrido ao cano da veia, falando a nossa língua. A mesma língua. Uma só. Essa mesma em que me danças-me o ponto de fuga, enquanto deixas que o teu corpo me vá sussurrando a golpes tudo o que já não posso evitar ouvir-lhe. «Hoy, tengo ganas de ti!»