
O LIVRO
Agora chove aqui também. Lê para mim, então!... Sim! Lê-me baixinho enquanto chove e eu fecho os olhos na saudade de janelas sem vidro, e eu fecho os olhos e imagino que o algeiroz do telhado é, na verdade, o grande tronco maciço da jaboticaba... e eu fecho os olhos e sinto de novo a cortina húmida com que, subitamente e sem grande aviso, a chuva acinzenta o céu... Deixa que suba para o teu colo, me embale na tua voz em conto e regresse à rede, aos pingos pingando do galho à folha, escorregando nas caleiras de terra depois das raízes, sulcando regos aguados no chão tórrido e tomando rumo para fora da cerca, num caudal insubmisso que já não se confina nem à casa nem ao quintal.
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