PUNHO
Eu digo: «Cheia». Tu dizes: «Preenchido». E de novo me volta esta sensação atordoada pela ausência de vazios. É grave, pode ser muito grave...eu sei. Pode ter a gravidade das relações fortes. Porque há esquinas que se dobram para serem junção de inesperadas parelhas sem cansaços. Porque eu sei, sim, que existem misteriosas combinações alquímicas onde quanto mais se repetem as passadas, maior é a descoberta... onde quanto mais se vê, mais interminável é a surpresa e mais inesgotável a novidade. Na física chamam-lhe o Princípio do Infinito. É real e demonstrável à luz dos rigores científicos. Os poetas já o vinham cantando desde o começo das eras, mas nunca ninguém prestou grande atenção aos poetas, é um facto. Eu, como não sou nem cientista, nem poeta, limito-me ao conhecimento de experiência feito que é o dos amantes, e antecipo o vertiginoso abismo da multiplicação desmultiplicada e remultiplicada em dobro... Essa que acontece muito de quando em vez. Dobradas que são algumas esquinas. Na inesperada mas sempre feliz combinação de algumas alquimías.