

Parte-me mas não te repartas. Nunca. Jamais. Tudo ou nada: sempre e só. Não quero a tua melhor parte. Por sorte ou acidente, carrego comigo um passado de mal acostumada e pesa-me a memória viva deste mau hábito de ter tido sempre a vida por inteiro. Não gosto de meios e ganhei com os anos o vício de cuspir as metades assim que me chegam à boca. Porque eu tenho este terrível mau feitio das feras contidas: um gosto pelas fomes inteiras e indivisíveis. Impartilháveis. Irrepetíveis. Inconfundíveis. Lá ao alto, fica o único lugar que pode fazer-me mover. Depois de tudo o que vi e por onde andei. Antes de tudo o que me falta e ainda não tive, não sei, não vi e quero. Portanto vem, mas avança a saber de mim. Com tudo ou com nada. Só não me tragas a tua melhor parte, não vá eu (quem sabe?!...) querer-te, afinal, a pior. E não me chegues com metades. Porque há este ensinamento ganho à experiência, que quem aponta ao alto deve saber: o de que nenhum topo é partilhável.
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