
«CARTA DE OFERTA»
No meio da selva ecoam os tambores para a guerra… por todo o fumo no ar…por todo o chão sagrado que os Brancos queimaram, sem aviso, sem cuidado, sem preço nem dó. Trinta pontos equidistantes, trinta lamparinas, trinta canoas, trinta Pajés. Um olho de água e o rio por Norte. Emergente viagem, rumo ao lugar dos Marubo, ela disse, longe da cidade mais distante que também é distante dos corredores e das Praças do Poder, ela disse. Um grande encontro de Pajés. Porque é hora de lutar pela «Florestania», conhecer as “leis” do Branco, sentar em redor da Carta de Oferta, ela contou, os olhos de avelã em rodopios ávidos de compromisso e paz. Ouve tudo quanto ela te leva, Grande Feiticeiro, e no fim fala-lhe também tu ao centro do peito. Quando desfizeres as pinturas, pousares a cuia e tirares o cocar. Fala-lhe. Na volta das eras. Fala-lhe. Diz-lhe que até as dores mais antigas um dia se cansam e que tudo quanto permanece prisioneiro se há-de enfim libertar. Como o coração dos bandeirantes no correr da Selva!
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